segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Três cabeças

Três cabeças.
Fernando Paixão

Uma cobre de três cabeças
com qual delas vai comer
o sapo gordo e distraído
na tarde de domingo?

A cabeça esquerda está mais perto.
É ela que vai dar o bote - acredito.
- Que nada! É com a direita -
diz meu vizinho com voz de pato.

Veja. Três cabeças se mexendo 
para atacar o bofe do sapo...
- A do meio vai conseguir - 
Alguém aposta e grita.

Mas olha lá-rápido!
O sapo está saltando-Vupt!
Fugiu e deixou a pergunta no ar.

E a cobra? Chora arrependida.
Três cabeças que não se entendem
passam fome de tanto pensar.

Esta é uma poesia que deve ser lida para percebemos que não é necessário pensar muito antes de agir, devemos fazer o que achamos certo e ponto.

Conheça mais sobre Fernando Paixão:

Fernando Paixão nasceu em 1955 na pequena aldeia portuguesa de Beselga, vindo a transferir-se no início de 1961 para o Brasil. Formou-se em jornalismo pela USP, iniciou e interrompeu o curso de filosofia, e defendeu tese na UNICAMP com estudo sobre a poesia do poeta português Mário de Sá-Carneiro. Sua produção literária começou com o livro Rosa dos Tempos, de 1980, seguido de O Que é Poesia, dentro da coleção Primeiros Passos, dois anos após. O autor, no entanto, renega hoje estes dois primeiros livros, por considerá-los "adolescentes", sem o apuro necessário. Em 1989, retornou com o lançamento de Fogo dos Rios, seguido de 25 Azulejos (1994). Publicou também Poesia a Gente Inventa (1996), voltado para as crianças. Costuma escrever artigos para jornais e revistas, sempre tratando de literatura ou temas afins. Profissionalmente, há mais de 20 anos vem atuando na área editorial; é responsável pelo setor de livros não-didáticos da Editora Ática.

Retirada do site http://www.astormentas.com/PT/biografia/Fernando%20Paix%E3o

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